O herói
O que é um herói? Um herói é a conjunção de dois fenômenos: os seus feitos reais ou imaginários e a nossa necessidade de feitos. Frequentemente o peso da nossa necessidade (popular, religiosa ou política) de feitos suplanta os feitos reais ou imaginários do herói e consegue dar-lhes uma dimensão mais marcante, mais sonante ainda, quase divina ou integralmente divina.
Quando queremos reconstituir a unidade psíquico-comportamental de um herói, confrontamo-nos com inúmeros espelhos com ângulos de refracção diferentes. O herói foi, evidentemente, várias coisas na sua vida, mas as nossas necessidades (da gente comum, dos povos em luta, dos historiadores, dos políticos, dos chefes religiosos) podem sobrevalorizar - e frequentemente fazem-no - esta ou aquela característica, característica selecionada que acaba por eclipsar as outras facetas do herói.
Isso é especialmente marcante na ocorrência da morte. Com efeito, a morte de alguém concorre para a criação ou para a ampliação das características do herói ou da característica central do herói. As representações sociais que as produzem ou a produzem acabam por diluir, por atenuar, por disfarçar e, até, por apagar as facetas normais do homem comum, os seus defeitos, a aspereza do seu comportamento, etc. O herói surge, então, furtado à comezinha trajetória humana na sua qualidade mítica, sobre-humana, definitiva, eterna.
Fonte: https://oficinadesociologia.blogspot.com.br/2006/10/o-heri.html
O que é um herói?
O que é um herói?
Segundo a Wikipédia: “Herói é uma figura arquetípica que reúne em si os atributos necessários para superar de forma excepcional um determinado problema de dimensão épica.”
Segundo o dicionário: “Homem ilustre por feitos de grande coragem.”
Considerando a definição da Wikipédia, que está mais de acordo com meu pensamento, um herói é uma figura que reúne os atributos pra superar um determinado problema épico. O que isso implica? Usando um pouco de termos de jogo, quando é dito que “o herói reúne em si os atributos necessários” estamos dizendo de todos as características do herói, ou seja, suas vantagens e desvantagens são igualmente importantes para ele se tornar um herói.
Pode ser estranho pensar assim, mas considerando a sentença “um determinado problema” dizemos que ele não solucionaria qualquer problema, mas sim que ele é ideal para um determinado problema.
Que tipo de problemas épicos Aragorn conseguiria resolver em um romance do 007?
Ele e James Bond são dois heróis, ambos querem o bem, mas as situações que tornaram James Bond um herói são completamente diferentes das que fizeram o mesmo com Aragorn.
Nem toda campanha tem o intuito ou interesse de transformar os PCs em heróis, mas se os mestres que têm essa vontade (primeiro têm de saber se os jogadores querem) têm que considerar todas as facetas dos pcs para criar as situações necessárias. É preciso levar em consideração as desvantagens e criar situações em que essas desvantagens forçam os jogadores a se envolver e depois de resolvidas deixam eles mais perto do heroísmo.
“Mas o personagem do meu grupo tem Sanguinolência e Sadismo, como posso usar isso?”
Bom, nem todos nasceram para ser heróis. Por isso que eu digo: converse com seus players antes de montar a campanha! Você pode querer que eles sejam cavaleiros da verdade e da justiça, mas eles podem preferir outro caminho. Nem todos querem ser heróis. Alguns podem querer ser anti-heróis.
Segundo a Wikipédia, “Anti-herói é o termo que se emprega para alguém que protagoniza atitudes referentes às do herói clássico, mas que não possuem vocação heroica ou que realizam as façanhas por motivos egoístas, de vaidade ou de quaisquer gêneros que não sejam altruístas.”
Existem dois tipos de anti-heróis. Dando exemplos, o Chapolin Colorado e o Capitão Nascimento. A diferença entre eles é a seguinte: o Chapolin gostaria muito de ser um herói e tenta com toda as suas forças ser um, mas isso não é suficiente. Além da vontade de fazer o bem tem que haver a vocação para ser um herói, e isso falta no Chapolin Colorado. E o Capitão Nascimento faz o bem por motivos que não são altruístas e muitas vezes por meios imorais.
Boa parte dos jogadores almejam ser “capitães nascimentos”: superam os obstáculos de qualquer maneira possível sem se importar com o que é moralmente aceito ou não. E somente com os olhos na recompensa. Se o rei paga para salvar a princesa mas chegando lá o vilão oferece mais dinheiro para eles voltarem e matarem o monarca, quantos jogadores (personagens) ficariam ofendidos? Acredito que grande parte pelo menos considerariam a proposta.
Esses não servem para ser heróis. São anti-heróis e são felizes assim, portanto não tente forçá-los a serem diferentes. Mas alguns jogadores querem jogar com heróis verdadeiros, aqueles que salvariam a princesa e não matariam o vilão se esse se arrependesse de seus erros e prometesse viver uma vida justa e honesta dali para frente. Para esses jogadores o mestre tem que fazer um esforço extra (na verdade toda vez que o mestre fizer esse esforço a campanha será melhor).
Esse esforço consiste em fazer uma campanha ou aventura para aqueles personagens, considerando as vantagens, desvantagens e pericias deles e criando obstáculos que somente pessoas com as características delas poderiam superar.
“Isso quer dizer que toda vez que eu for montar uma aventura vou ter que estudar as fichas dos personagens para criar situações que somente eles superam?”
Bem, mais ou menos, não é toda vez, você pode colocar aventuras prontas no meio, mas de vez em quando coloque essas aventuras especificas também, e faça com que essas aventuras sejam chaves para o avanço na trama dos pcs.
“Mas rau-de-réu vou fazer isso?”
Bom, vamos a exemplos para simplificar as coisas.
Caso fácil: um dos jogadores tem Curiosidade e o outro Código de Honra, ou o mesmo jogador tem os dois. Faça com que algo desperte a curiosidade do curioso e seguindo isso ele presencia algo é contra o Código de Honra do outro, forçando-o a agir.
Caso médio: um jogador que tenha Honestidade presencia algum ato ilegal e é chamado como testemunha, ele é forçado pela desvantagem a dizer a verdade mas sabe que o criminoso fez o que fez por bons motivos, assim ele se sente obrigado a ajudar esse criminoso de outras maneiras.
Caso difícil: esse é difícil até de imaginar, tão difícil que eu nem consegui nem imaginar, portanto, pulamos esse.
Usando essas desvantagens como ganchos de aventuras-chave no desenvolvimento da trama também é uma forma de recompensa por boa interpretação das desvantagens. Claro que isso pode ser usado no caso dos heróis e dos anti-heróis.
“Mas meus jogadores compram as desvantagens e esquecem delas nas fichas, eles vão ignorar todos esses ganchos”
Bom, nesse caso talvez seja melhor você ler esse artigo do Mamangava e essa continuação para estimular a melhor interpretação dos jogadores.
Mas voltando aos heróis, analisando a ultima parte da definição, de novo, “de forma excepcional um determinado problema de dimensão épica” lembramos que essas aventuras não tornarão os pcs em heróis, apesar de eles ganharem (ou não) fama gradativamente com o tempo eles ainda precisarão um problema de dimensões épicas para superar e assim se tornarem heróis verdadeiros.
Então essas aventuras que os farão avançarem na trama também tem que os preparar para esse grande desafio, que pode ser diverso, pode ser algo que vem desde o começo da campanha, como um tirano que os segue desde o começo, pode ser algo que aconteceu de repente, como uma invasão alienígena repentina, mas deve ser algo grandioso, que represente uma ameaça não só aos pcs como também ao mundo ou, no minimo, ao reino que eles vivem.
Fonte: https://gurpsnation.com/artigos/55-o-que-e-um-heroi